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Mistério do terror?
* Amadeu Garrido de Paula O mundo assiste ao mais intrincado mistério da aviação comercial. Um Boeing B777-200 da Malaysia Airlines, que fazia um voo de Kuala Lumpur a Pequim (MH 370), com 227 passageiros e 12 tripulantes, simplesmente evaporou nos ares, sem deixar vestígios, na madrugada do último sábado. Tecnologias avançadas de 10 países, inclusive os EUA, passados três dias, já frustavam as mais justificadas expectativa de localização da aeronave e aumentavam a ansiedade dos próximos das vítimas. Teorizou-se fartamente sobre hipóteses, porém quase todas as especulações feneceram sob algum ponto frágil. Uma mancha de óleo na altura do Vietame e do sul do China foi descartada como indício, posto que oriunda do vazamento de um navio. Afastou-se, assim, a única pista material. O resto foram locubrações e iniciaram-se as acusações chinesas relativas aos procedimentos da Malásia. Diz-se que o avião poderia ter-se desintegrado, em tempo bom e velocidade de cruzeiro. E nenhuma explosão foi detectada pelos sofisticados satélites americanos. O piloto poderia ter praticado suicídio, mas o despencamento da aeronave, principalmente em seu contato com o mar, manteve-a intacta e submersa... Falhas mecânicas merecem as mesmas observações. Não foram vistas manchas de óleo. Depois de três dias de busca, a Malásia revelou que seus radares detectaram mudança de rota. Porque depois de todo esse tempo para ampliar a área de buscas? A hipótese de um ato terrorista, em tais circunstâncias, já nos pareceu a mais plausível. Um ato ignóbil, longamente preparado, para levar as desespero os familiares das vítimas e desacreditar a capacidade tecnológica vinculada à segurança aérea dos países. Algo simplesmente imprevisível. Afinal, não foi imprevisível e tétrico o episódio das torres gêmeas? Telefones celulares tocaram, segundo relato dos parentes das vítimas. O silêncio mortal da ausência de resposta comprimiu, calou fundo, torturou barbaramente. A falta de informações submete todos à uma ansiedade quase insuportável. Os governos e a empresa envolvida se estressam num clima de desmoralização, sob saraivadas de críticas desesperadas. A pergunta que não pode ser calada: O objetivo do terrorismo não é provocar terror? E a dor da incerteza não aumenta a própria dor da morte certa dos entes queridos? O episódio pode ter inaugurado um método sórdido de provocar profundos ferimentos não só nas vítimas, mas nas almas de seus parentes e amigos. O avião pode ter sido desviado. O silêncio dos perpetradores da monstruosidade pode ser inédita tática das organizações terroristas, que sempre assumiram, desde logo, as autorias. Se o Boeing desintegrou-se num choque com as elevadas e inúmeras montanhas do entorno, o mais viável é crer que já se teriam notícias. Passada uma semana, a Malásia, que presta informações homeopaticamente, reconhece que o sistema de comunicação com a aeronave foi deliberadamente desligado e o avião empreendeu um vôo silencioso pelos corredores aéreos que conduzem ao Cazaquistão e ao Índico Sul; que a aeronave desviada foi pilotada por "alguém" capaz de seguir um caminho imperceptível pelos radares; e a hipótese de sequestro, inclusive por "piratas", fica cada vez mais forte. O avião pode ter caído em terra ou aterrissado. Não é difícil imaginar o sofrimento das vítimas, inclusive se encontrarem vivas, em poder de sequestradores infames e implacáveis. A projeção por dias de suas angústias e sua deterioração física e psicológica. E, se as autoridades da Malásia já admitem tal possibilidade de sequestro, o método de busca deve ser alterado. Há um inimigo a ser enfrentado. E que se preparou muito bem para esse ato deplorável, em mais um capítulo do terrorismo que solapa a paz do mundo em que vivemos. Nunca um grupo de pessoas precisou tanto da solidariedade mundial. E nunca os investigadores dos diversos países tiveram tamanha necessidade de rever conceitos estereotipados no âmbito da elucidação de acidentes aéreos, e contar com o concurso de forças antiterroristas, sob pena de o fato ficar relegado às cinzas de um mistério de horror, inaugurando-se uma prática inédita de ataques monstruosos à vida civilizada, recrudescidos pela crueldade do grotesco imerso no desconhecido. *Amadeu Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia. ...


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